terça-feira, 5 de dezembro de 2017

A UMA FUTURA RAINHA

(À bela, doce, pura, meiga e inocente Gina.)

“A rosa, bela infanta das sete saias
e cuja estirpe não lhe rouba, entanto,
o ar de menina, o recatado encanto
da mais humilde de suas aias,
a rosa, essa presença feminina,
que é toda feita de perfume e alma,
que tanto excita como tanto acalma,
[...]  Rosa, ó fiel promessa de ventura
em flor... rosa paciente, ardente, pura!”

(Mario Quintana.)[1]

“De seres ímpares ansiamos prole
Para que a flor do belo não se extinga [...].”

(William Shakespeare, trad. Ivo Barroso.)[2]

És flor ao redor da qual gira o sol:
Mesmo antes das dezoito primaveras,
Encantado em ti canta o rouxinol,
Que vê a coroa em forma de pétalas.

És o centro: minha atenção orbita
Toda a tua irresistível ternura,
De uma princesa inocência infinita,
Puro sonho, uma fantasia pura.

Em toda igreja mereces o altar,
Vitrine contemplável numa missa
Em que, de joelhos, iria eu rezar

À que me rege, a minha suserana.
Regente desabrochada e florida,
Governas meu coração, soberana.

(Márcio Alessandro de Oliveira.  Santa Lúcia, Imbariê, 3 e 4/12/2017.)




[1] QUINTANA, Mario. Motivo da Rosa. In: ______.  Apontamentos de História Sobrenatural. 3. ed. Porto Alegre: Globo, 1984, p. 49.
[2] SHAKESPEARE, William.  Sonetos.  Trad. Ivo Barroso.  In: ______.  Comédias; sonetos.  São Paulo: Abril Cultural, 1978, p. 465.

Nenhum comentário:

Postar um comentário