segunda-feira, 26 de agosto de 2019

RELAÇÕES ENTRE LITERATURA E POLÍTICA



    “... não há necessidade alguma de trazer a política para o âmbito da teoria literária: como acontece com o esporte sul-africano, elas estão juntas há muito tempo.”  (Terry Eagleton.)[1]

“O discurso é [...] um processo, relacionado com o extralinguístico, isto é, com as práticas não linguísticas que possibilitam a emergência de uma prática linguística.” (Muniz Sodré.) [2]

É real uma das funções da literatura: provocar o leitor de modo a causar um estranhamento (ou causar um estranhamento de modo a provocar quem lê o texto literário).  Trata-se de um conceito dos formalistas russos.  Ele, o estranhamento, é um efeito que se produz quando o leitor é tirado do lugar-comum ou da zona de conforto e encara o conteúdo do texto literário como se pela primeira vez estivesse entrando em contato com seu teor.
Até onde sei, o fenômeno que postulavam os formalistas exige uma condição: a literaturidade, que é o tratamento especial dispensado à língua, ou seja: o uso especial do idioma. 
O que me espanta é que, embora parte dos formalistas russos estivesse envolvida com o movimento bolchevista, é possível dizer que eles considerariam o stalinismo um “mero” pretexto para a alegoria de A revolução dos bichos (romance que é de 1945 e, portanto, posterior à Revolução Russa), como se o momento histórico fosse um fator secundário na produção de um romance ou de um poema.  Mas os fatos históricos não ficam em segundo plano: eles condicionam a literatura, cuja estrutura é moldada pela realidade do autor, e é justamente por isso que precisamos estudar elementos externos ao discurso literário. 
Para o alemão Walter Benjamin (1892-1940), ou para o restante da Escola de Frankfurt (que infelizmente não tem as ideias tão divulgadas quanto as da Escola de Chicago), o fascismo estetizava a política (como acontece na recente película que faz lavagem cerebral em quase todos), enquanto aos artistas de esquerda cabia a tarefa de politizar a estética.  E foi isso o que fizeram alguns autores brasileiros revolucionários (apesar de que nem todos eram de esquerda), como Gregório de Matos (1633-1696), conhecido como Boca do Inferno por suas críticas ferinas e reveladoras de uma visão aristocrática e antiburguesa, Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810?), a quem se atribui a autoria das Cartas Chilenas, e Jorge Amado (1912-2001), que escreveu Capitães da Areia (1937).
            Curiosamente, é possível que só esses autores tenham sido estigmatizados pela alcunha de autores panfletários.  No caso específico de Jorge Amado, cuja obra é dividida em fases das quais uma é panfletária (o que pressupõe um estágio de sua produção que não o seja), foi usada a alcunha de autor de literatura engajada ou literatura proletária.  No que diz respeito às Cartas, é interessante notar a definição que a elas confere o português Jaime Séguier (1860-1932), definição transcrita por Diógenes Magalhães no livro Língua, Linguagem, Linguística... (1995, p. 140). De acordo com Séguier, elas são um panfleto em verso solto, feito contra o governador de Minas Gerais, Luís da Cunha Meneses (1786), por Alvarenga Peixoto (e não por Gonzaga, o que configura um possível caráter apócrifo, isto é: um caráter típico de textos cujo autor é desconhecido ou indeterminado). Observe-se que o substantivo panfleto acaba fazendo as vezes de adjetivo, posto que pode ser uma forma de depreciar o discurso literário. Além disso, as Cartas, mesmo sendo enquadradas no estilo de época neoclassicista, e não no barroco, ao qual se atribuíam a extravagância e o mau gosto no período neoclássico, não escapam do preconceito contra as alegorias políticas, o que indica a força do formalismo russo e sugere a existência de um teimoso princípio segundo o qual a estética deve ser desvinculada da política e da história, tarefa descabida impossível.
            Por outro lado, Érico Verissimo, em Breve História da Literatura Brasileira (1996, p. 29), aponta o fato de terem existido escritores que prostituíram a literatura vendendo suas penas ao diabo em troca de favores. Assim, promoveram o fascismo, o racismo e muitos outros ismos.  No caso do Brasil, no grupo de literatos que se vendiam escrevendo unicamente para bajular pessoas do governo Verissimo inclui o autor do poema Prosopopeia (1601), de Bento Teixeira (1561-1618?). Trata-se de um escrito que, no dizer de Érico Verissimo, pautado por um juízo de valor, é imitação barata de Os Lusíadas (1572), de Luís de Camões (1524-1580), e foi feito em homenagem a Jorge de Albuquerque Coelho, terceiro donatário da capitania de Pernambuco. (O que Verissimo pode não ter considerado é o fato de Bento Teixeira ter sido um cristão novo, ou seja: um judeu que, como tal, precisou se proteger da Inquisição.)
            Contudo, é preciso entender que, se é verdade que não se pode fazer uma leitura puramente política ou historicista de um texto literário, é igualmente verdade que não se pode fazer uma leitura puramente estética. Não se trata de saber qual tipo de leitura deve ser adotado, mas sim de perceber qual história e quais valores políticos são tidos como “pura” estética e quais são “panfletários” enquanto outros “não” o são, pois política toda literatura é tanto quanto qualquer teoria literária. Se literatura e história andam juntas, fato que não se nega, por que se diminui a literatura “panfletária”? Segundo o professor André Alonso, mesmo Aristófanes, em suas peças, satirizava os filósofos não por condenar-lhes as práticas, mas sim por necessitar fazer o público rir. Para produzir esse efeito, ele tornava ridículos os filósofos, que o seu público confundia com os sofistas por não saber as diferenças entre estes e aqueles. A sátira, contudo, estava na produção intencional de sentido, e era dirigida aos sofistas. Isso é ou não uma atitude política
Ainda se fala em panfleto e subsídios históricos na abordagem da literatura em sala de aula sem que se perceba que, com a possível exclusão de Bento Teixeira, podemos dizer que só os autores que destoam do poder ou do senso comum são vistos como “panfletários”, ao passo que as obras menos explícitas são “apenas estéticas”, como se a instituição conhecida como Literatura não estivesse calcada em relações de poder. Deve ter sido por causa de tais relações que A revolução dos bichos (1945), romance-fábula de George Orwell (1903-1950), foi aproveitado como propaganda anticomunista, propaganda baseada em interpretações deliberadamente reducionistas, propositalmente limitadas, embora nunca tenha existido comunismo, estágio avançado do socialismo que nunca ninguém alcançou. No romance de Orwell, é possível encarar o animalismo e os dois porcos, Napoleão e Bola de Neve, como sendo representações alegóricas do fracasso dos sistemas políticos e da traição, caso em que são alegorias do universal, mas é possível também atribuir às personagens e ao animalismo um sentido contextual e específico segundo o qual são alegorias de Stálin, Trotsky do desvio do socialismo, transformado em totalitarismo stalinista.
Entretanto, isso só é possível quando saímos do lugar-comum e encaramos o texto a partir do contexto, colocado em segundo plano ou distorcido por certas visões da História. Daí a importância do estranhamento, do olhar, da contemplação.
Diante do exposto, fica claro que, em tempos de crise política e censuras a exposições de obras de arte, a literatura “panfletária” precisa erguer a voz contra o Estado de exceção para realizar o efeito almejado pela Escola de Frankfurt: politizar a arte. Se o contexto condiciona o texto literário, este pode retroagir sobre a realidade de que se serve e o condiciona, temor constante entre as autoridades que ainda reproduzem a opressão imposta a Gregório de Matos, Tomás Antônio Gonzaga e Jorge Amado, tributários que são do seu tempo e dos fatos políticos.

Márcio Alessandro de Oliveira. Santa Lúcia, bairro de Imbariê, 3º Distrito de Duque de Caxias, 15/10/2017. 


[1] Teoria da literatura: uma introdução.  Trad. Waltensir Dutra.  São Paulo: Martins Fontes, 2006, p. 294.
[2] Teoria da Literatura de Massa.  Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1978, p. 45.

quinta-feira, 11 de julho de 2019

A formalidade e a informalidade: a norma culta e a norma culta-padrão: o padrão culto do idioma

Professor: Márcio Alessandro de Oliveira.

Tema: A formalidade e a informalidade.

Título: A formalidade e a informalidade: a norma culta e a norma culta-padrão: o padrão culto do idioma.

Pré-requisitos: 1. ter o português como língua materna (a primeira língua, adquirida na infância); 2. saber os tipos de variação linguística — sobretudo as variações diafásica e diastrática.

Objetivo geral: estabelecer as diferenças entre os níveis de registro de duas formas de manifestação do pensamento completamente diferentes: a fala e a escrita.

Objetivos específicos:

1. conceituar e exemplificar o registro linguístico;

2. dividir os tipos de registro em dois níveis: o formal e o informal;

3. subdividir o nível formal em culto e erudito;

4. subdividir o nível informal em chulo e coloquial;

5. reconhecer as diferenças entre a fala e a escrita;

6. mostrar que o contexto de comunicação e o gênero textual (falado ou escrito) condicionam a adequação e a inadequação do nível de formalidade ou informalidade;

7. mostrar as diferentes maneiras de dizer a mesma coisa;

8.demonstrar os efeitos de sentido de cada nível de registro e de cada escolha de palavra;

9. mostrar que, quando há variação, há avaliação e até preconceito linguístico.

 

INTRODUÇÃO

           

            Que devemos entender por padrão? Existe a unicidade dentro da pluralidade: o fato de nordestinos e gaúchos conseguirem se entender prova essa unicidade. Trata-se da variação linguística em contraste com a uniformidade linguística.

            É interessante notar que são cognatas as palavras pátria, padre, pai e padrão: têm a mesma raiz. O padrão linguístico de um grupo de crianças de cinco anos vai ser diferente do padrão de um grupo de enfermeiras. Tal padrão é o modelo ou a norma. Pessoas mais escolarizadas e mais cultas tendem a seguir um padrão culto real. Este último padrão, por sua vez, é o que mais se aproxima de um padrão ideal, defendido por gramáticos normativistas. Sendo assim, podemos dizer que a norma culta é uma norma real, isto é: um modelo realmente acatado ou seguido por falantes e redatores, enquanto a norma culta-padrão é uma norma ideal ou idealizada: existe mais na ideia do que na realidade. (O estudo da norma padrão enfrenta a questão da nomenclatura ou das terminologias técnico-científicas. É que as expressões norma culta e norma culta-padrão não são uma unanimidade entre os linguistas profissionais; por isso, embora eu faça a distinção que acabei de estabelecer, eu, que sou um reles professor de língua, e não um linguista, prefiro usar a expressão padrão culto do idioma.)

            Temos, portanto, a norma culta e a norma culta-padrão: estamos entre o real e o ideal: existe a tensão entre a tradição gramatical e a ruptura.

            Na tensão entre a tradição e a ruptura, às vezes o padrão culto dos falantes e dos redatores escolarizados e até eruditos (tanto nas zonas urbanas quanto nas rurais) está de acordo com o padrão ideal ou idealizado de Evanildo Bechara e outros gramáticos; às vezes, no entanto, não está, de modo que podemos dizer que o padrão culto real é diferente do padrão culto ideal ou idealizado. Se a realidade fosse diferente da que estou descrevendo, ou a ela fosse oposta, eu estaria escrevendo em Latim.

 

 

 

A norma culta e a norma culta-padrão

 

“Comparando a língua culta com a língua coloquial, é possível constatar que, em certos aspectos, as diferenças entre as duas são bastante evidentes, mas, em outros, os limites não são tão claros, ficando difícil, nesses casos, definir uma ‘fronteira’ entre o que é culto e o que é coloquial.”

 

(Mauro Ferreira, 2007, p. 81.)

 

A norma culta é o modelo de língua verdadeiramente usado por falantes e redatores. Já a norma culta-padrão é idealizada com base em textos literários muito formais. Em resumo: a norma culta é real, ao passo que a norma culta-padrão é ideal (ou seja: existe mais na ideia do que na realidade). Há casos em que o uso real da língua corresponde ao ideal de um padrão culto muito sofisticado, o que não anula as variações histórica, geográfica, sociocultural e de classe social da língua.

Todo texto pode variar em nível de formalidade e em nível de informalidade, ou seja: pode sofrer as variações diastrática e diafásica. A primeira diz respeito às classes sociais e ao nível sociocultural; a segunda, à situação, ao estilo da pessoa que fala ou escreve e ao grau de formalidade ou informalidade do modo como ela se serve do idioma, conforme o esquema a seguir (baseado na divisão feita pelos professores Liana Biar, Rafael Pinna e Bruno Rabin):

 

Registro formal: do culto ao erudito;

Registro informal: do chulo ao coloquial.

 

            Exemplos (retirados do livro de Mauro Ferreira):

 

Língua coloquial:

Língua culta:

Pronúncia descuidada: “num sei”, “tá bão”.

Pronúncia mais cuidadosa: “não sei”, “está bom”.

Ausência de marcas de concordância: “Os menino vai”. bem”, “restou duas moedas”, “como fica as regras?”.

Presença de marcas de concordância: “Os meninos vão”. bem”, “restaram duas moedas”, “como ficam as regras?”.

Uso frequente de gírias.

Ausência de gírias.

 

            Tudo depende do contexto de comunicação e da pessoa a quem se dirige a palavra (falada ou escrita). Em outras palavras: a adequação e a inadequação do nível de registro (ou de estilo) dependem da situação.

Observação: A língua falada é muito diferente da língua escrita, pois escrever nunca é o mesmo que falar. Existe, portanto, uma diferença entre a relação falante-ouvinte e a relação escritor-leitor. Infelizmente, há quem pense que a língua falada é informal. Na verdade, pode ser formal ou muito formal. Alguns falantes chegam a ser pedantes, prolixos e pernósticos. Assim são alguns palestrantes. Por outro lado, é possível ser culto sem prejudicar a clareza do que é dito de viva voz.

Outra questão é a da uniformidade de tratamento, que envolve não só os pronomes de tratamento, tais como senhor, senhora e Vossa Excelência, mas também envolve o uso dos pronomes tu e você. Ninguém diz “Você vieste!”, mas sim “Você veio!”.

Numa das próximas aulas, abordaremos os conceitos de gramática, que, de certa forma, já estão nesta aula. Os principais gramáticos do Brasil são Evanildo Bechara, Celso Cunha e Lindley Cintra. Rocha Lima, Ataliba Castilho e Vanda Maria Elias são nomes quase tão importantes quanto os outros três. (Pasquale Cipro Neto e Sérgio Nogueira não são gramáticos, nem linguistas: são, no máximo, professores de língua, bons professores.) Destaco o nome de Evanildo Bechara, autor da Moderna Gramática Portuguesa, e o de Lindley Cintra e Celso Cunha, autores da Nova Gramática do Português Contemporâneo. Ouso dizer que esses dois livros são as mais importantes gramáticas do país.

Em verdade, a gramática nem sempre (ou quase nunca) resolve os problemas de quem quer falar e escrever bem. No caso de quem tem de escrever com frequência, são necessárias algumas ferramentas de trabalho: Segundo o professor Diógenes Magalhães, sobre a mesa do redator (que é quem redige, ou seja: é quem escreve) devem estar os seguintes livros:

um dicionário;

um dicionário de regência verbal;

um dicionário de regência nominal;

alguns tira-dúvidas (os quais, infelizmente, não estão necessariamente em dia com o conhecimento científico da Linguística, divulgado pelos linguistas profissionais);

uma boa gramática;

um manual de estilo ou de Redação.

Acrescente-se à lista acima o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, disponível na internet. É mantido pela Academia Brasileira de Letras. Dependendo do que estiver escrevendo, o redator também precisará de um modelo do gênero textual em que se enquadrará seu trabalho. (A respeito dos gêneros textuais e das tipologias eu darei informações noutra aula.) Se eu, por exemplo, tiver de redigir um ofício, e não houver um modelo nos manuais de estilo guardados em minha biblioteca particular, terei de procurar um modelo em outras fontes. Isso vale para trabalhos acadêmicos, razão pela qual é necessário ter à mão um manual de metodologia científica e referências bibliográficas sobre o tema de pesquisa, como as que estão no Google Acadêmico e no Scielo. No caso dos acadêmicos, serão necessárias algumas NBRs (Normas Brasileiras), que são feitas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Como listar os livros que consultei na minha pesquisa para a elaboração de um trabalho acadêmico? A NBR 6.023 é que determina o modo como o autor do trabalho vai fazer as referências. Em alguns casos, chama-se um revisor ou mesmo um redator-fantasma (conhecido nos E. U. A. como ghost writer), que é um consertador de originais (isto é: um consertador de textos originais ou de rascunhos). O pernambucano Diógenes Magalhães já fez o trabalho de consertador. Palavras dele (2008, p. 64): “Durante muitos anos, ganhei a vida ‘consertando’ os escritos de sujeitos que eram obrigados a redigir, e nada conheciam da técnica de redigir”. E completa: “direi que vivia de passar para linguagem clara o que me era trazido em sintaxe confusa, em termos abstrusos, em forma de redundâncias ou tautologias. Eu era, portanto, redator-fantasma” (2008, p. 65). Era, pois, um tratador de originais.

(Uma observação: redigir é o mesmo que escrever, mas escrever nem sempre é o mesmo que redigir. Poeta nenhum diz que redigiu um poema: diz que o escreveu. Trata-se, outra vez, da diferença entre a técnica de redigir e a arte de escrever. Em suma: estamos diante da diferença entre o texto literário e o não-literário. Posso redigir um artigo de opinião, uma notícia ou até mesmo o editorial de uma revista, porém não posso “redigir” um poema nem um romance.)

Afirma o supracitado professor que o dicionário é o mais importante dos livros usados pelo redator consciente da importância do seu trabalho. Realmente, o dicionarista é um lexicógrafo. Ora, o léxico é o conjunto de palavras de um idioma, e a lexicografia é a técnica ou a ciência de produção de dicionário.

Agora, deixo com vocês os Textos I, II, III e IV. Explicam melhor alguns pontos desta aula.

 

Texto I

 

Adequação e inadequação linguística

 

Quando uma pessoa se comunica com outra(s), para que esse ato se realize de forma eficiente, é necessário que ela faça a adequação da linguagem.

Há situações em que a relação entre os interlocutores é mais descontraída, mais informal ou pessoal, casos em que fica mais adequado o emprego de uma linguagem informal, mais “solta”. Outras vezes, essa relação é mais impessoal, mais distanciada, o que requer uma linguagem mais formal, mais “cuidada”.

São vários os fatores que, isoladamente ou combinados, levam o falante a adequar sua linguagem às circunstâncias do ato de comunicação. Entre esses fatores destacam-se:

o interlocutor (não se fala do mesmo modo com um adulto e com uma criança);

o assunto (não se fala sobre a morte de uma pessoa da mesma maneira que se fala sobre a derrota do time de futebol);

o ambiente (não se fala do mesmo jeito em um templo religioso e em um churrasco com amigos);

a relação falante-ouvinte (não se fala da mesma maneira com um amigo e com um estranho; ou em uma relação social informal e em uma relação formal).

Em um ato de comunicação, a influência desse e de outros fatores resulta num maior ou menor grau de formalidade ou informalidade na linguagem.

 

(Mauro Ferreira. O universo da linguagem. In: ______. Aprender e praticar gramática. São Paulo: FTD, 2007, p. 82-3.)

 

Texto II

 

SANTOS NOMES EM VÃO

 

Praxedes é gramático. Aristarco também. Com esses nomes não poderiam ser cantores de rock. Os dois trabalham num jornal. Praxedes despacha as questiúnculas à tarde. Aristarco, à noite. Um jamais concordou com uma vírgula sequer do outro, e é lógico que seja assim. Seguem correntes diversas. A gramática tem isso: é democrática. Permitindo mil versões, dá a quem sustenta uma delas o prazer de vencer.

Praxedes é um santo homem. Aristarco também. Assinam listas, compram rifas, ajudam quem precisa. E são educados. A voz dos dois é mansa, quase um sussurro. Mas que ninguém se atreva a discordar de um pronome colocado por Praxedes. Ou de uma crase posta por Aristarco. Se a conversa ameaça escorregar para os verbos defectivos ou para as partículas apassivadoras, melhor escapar enquanto dá. Porque aí cada um deles desanda a bramir como um leão.

Para que os dois não se matem, o chefe pôs cada um num horário. Praxedes, mais liberal (vendilhão, segundo Aristarco), trabalha nos suplementos do jornal, que admitem uma linguagem mais solta. Aristarco, ortodoxo (quadradão, segundo Praxedes), assume as vírgulas dos editoriais e das páginas de política e economia. [...]

Sempre estiveram a um passo do quebra-pau. Hoje, para festa dos ignorantes e dos mutiladores do idioma, parece que finalmente vão dar esse passo. É dia de pagamento e eles se encontram na fila do banco. Um intrigante vem pondo fogo nos dois há já um mês e agora ninguém duvida: nunca saberemos quem é o melhor gramático, mas hoje vamos descobrir quem é o mais eficiente no braço.

Aristarco toma a iniciativa. Avança e despeja:

— Seu patife, biltre, poltrão, pusilânime.

Praxedes responde à altura:

— Seu panaca, almofadinha, calhorda, caguincha.

Aristarco mete o dedo no nariz de Praxedes:

— É a vossa progenitora!

Praxedes toca o dedo no nariz de Aristarco:

— É a sua mãe!

Engalfinham-se, rolam pelo chão, esmurram-se.

Quando o segurança do banco chega para apartar, é tarde, Praxedes e Aristarco

estão desmaiados um sobre o outro, abraçados, como amigos depois de uma bebedeira.

O guarda pergunta à torcida o que aconteceu. Um boy que viu tudo desde o início explica:

— Pra mim, esses cara não é bom de bola. Eles começou a falá em estrangeiro, um estranhô o outro, os dois foram se esquentando, esquentando, e aí aquele ali, ó, que também fala brasileiro, pôs a mãe no meio. Levô uma bolacha e ficô doido: enfiô o braço no focinho do outro. Aí os dois rolô no chão.

Para a sorte do boy, Aristarco e Praxedes continuavam desacordados.

 

(Raul Drewnick, apud Mauro Ferreira. Aprender e praticar gramática. São Paulo: FTD, 2007, p. 85-6.)

 

Texto III

 

Os galicismos, na passagem do século XIX para o XX, e os anglicismos, na virada do terceiro milênio, não têm a força destruidora tão temida pelos puristas e conservadores. A língua portuguesa, em todo esse período, se manteve muito bem, obrigada, falada e escrita por cada vez mais gente, produziu uma literatura reconhecida mundialmente, é propagada também em nível internacional pelo grande prestígio de que goza a música popular brasileira — entre tantas outras provas de sua vitalidade. E a avalanche (ai, um galicismo!) de palavras estrangeiras tem de ser analisada da perspectiva da dependência político-econômica (e consequentemente cultural) do Brasil (e de Portugal) para com o centro hegemônico mundial de poder, que são os Estados Unidos. Não adianta bradar contra a “invasão” de palavras na língua portuguesa sem analisar essa dependência. É querer eliminar os efeitos sem atacar as causas.

E essa enorme bobagem de dizer que “brasileiro não sabe português” e que “só em Portugal se fala bem português”? É uma piada de mau gosto, infelizmente transmitida de geração a geração pelo ensino tradicional da gramática na escola.

O brasileiro sabe português, sim. O que acontece é que nosso português é diferente do português falado em Portugal. Quando dizemos que no Brasil se fala português, usamos esse nome simplesmente por comodidade e por uma razão histórica, justamente a de termos sido uma colônia de Portugal. Do ponto de vista linguístico, porém, a língua falada no Brasil já tem uma gramática — isto é, tem regras de funcionamento — que cada vez mais se diferencia da gramática da língua falada em Portugal. Por isso os linguistas (os cientistas da linguagem) preferem usar o termo português brasileiro, por ser mais preciso e marcar bem essa diferença.

 

(Marcos Bagno. A mitologia do preconceito linguístico. In: ______. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. 54. ed. São Paulo: Edições Loyola, 1999-2011, p. 39-40.)

 

Texto IV

 

A IMPORTÂNCIA DA LINGUÍSTICA EM SALA DE AULA

 

            Em sonhos, a Linguística veio até mim. Acompanhada pela gramática, disse que estou no caminho certo: Eu me comporto não como linguista, mas como professor de língua. Como tal, tenho o dever de estar em dia com os textos de divulgação científica da Linguística como um sacerdote catedrático que faz cultivo do conhecimento, e não como vendedor de aulas de escolinhas e cursinhos de fundo de quintal. Minha deusa também disse que sou como o chão de fábrica, ao passo que os linguistas profissionais são como a gerência. Também disse que a gramática normativa, cujo objetivo principal nunca foi nem nunca será o de facilitar a comunicação, mas sim o de discriminar e oprimir os que não a conhecem, até descreve cientificamente bem o idioma. O problema dela é que impõe um modelo linguístico que ela considera superior. Também disse que posso continuar corrigindo os alunos, desde que eu deixe claro que seus “erros” são, na verdade, desvios gramaticais, desvios que um dia a norma culta-padrão poderá legitimar. Tome-se como exemplo o juiz Moro. Pode e deve ser corrigido. Afinal, ninguém gosta de barbarismos ou silabadas em situações comunicativas formais. É que elas, as situações formais, exigem monitoramento e esmero por parte do falante. Isso vale não apenas para a pronúncia: vale para a sintaxe também. Contudo, não se pode dizer que uma pessoa não sabe falar só porque não segue a norma culta. Quem fala “errado” na verdade fala certo. Do ponto de vista científico, o que o senso comum considera “erro” é apenas desvio da norma culta-padrão, que está sempre sendo atualizada. Basta ver a gramática de Bechara: já está na 38ª edição. Ela já não faz a distinção entre ONDE e AONDE, defendida por puristas. Para a Linguística, erro é dizer “Penduradas varal no camisas vi” no lugar de “Vi camisas penduradas no varal”. Na primeira construção, não há coesão: as palavras não estão conectadas, por isso a frase é agramatical; já na segunda sequência as palavras apresentam coesão. Dizer “As camisa” é desvio ou incorreção, mas não é errado dizer “As camisa”. Dependendo da situação comunicativa e do gênero textual, a gramática normativa não poderá ser seguida à risca em nome do pragmatismo das relações sociais: uma fala muito “correta” pode ser pedante. Baseado na gramática gerativista (que é bem diferente da normativa), posso afirmar que ninguém diz  “O moça” nem “A rapaz”. Isso, sim, seria erro, e quem adquiriu o português na infância não fala nem escreve esses termos. O analfabeto não diz essas coisas. Também não diz “Nós vim” nem “Nós comi”: ele diz “Nós veio” e “Nós comeu”. Isso prova que ele sabe a diferença entre o singular e o plural. O plural dele apenas se desvia da norma culta-padrão. Isso, porém, não quer dizer que ele não saiba falar português. Ele é constituído pela língua e na língua. Dizer o contrário é praticar violência simbólica contra ele (acho que o conceito de violência simbólica é de Pierre Bourdieu). Na verdade, ele sabe falar muito bem. Com a educação escolar, ele poderá se apropriar das normas urbanas de prestígio. Estas, por sua vez, nem sempre estão em consonância com Bechara nem com os postulados dos puristas. É que Bechara e outros mantêm um escrúpulo filológico: postulam regras gramaticais unicamente com base em textos literários, cujo estilo ainda é muito artificial (a depender da época em que foram produzidos). Essa tradição vem da Grécia, e é extremamente conservadora e elitista. Nem os profissionais da palavra seguem à risca a norma culta-padrão, que é idealizada. As evidências comprovam que textos muito monitorados já revelam construções que exigem que a norma culta ideal faça concessões em nome da norma culta real. Muitas pessoas devidamente letradas já falam e escrevem “RestOU duas moedas” e “Como ficA as regras?” no lugar de “RestarAM duas moedas” e “Como ficAM as regras?”. Quando usam a ordem inversa, usam o plural “errado”. Cabe à gramática normativa se atualizar, pois esses “erros” são cometidos por pessoas letradas, e não acho que sejam ignorantes. No caso dos meus alunos, cujas falas eu corrijo e cujos erros de ortografia eu aponto, eu digo que podem falar “Nós veio” e “Nós vai”, mas deixo claro que poderão sofrer preconceito linguístico. “Nós vai” é uma variante estigmatizada, ao passo que “Nós vamos” é a variante de prestígio. A frase sempre é variável. O que deve ser feito, no caso do juiz Sérgio Moro, é a divulgação do fato de que não consegue usar a norma culta, o que é muito ruim para um profissional da palavra que fala em momentos de formalidade.

 

Márcio Alessandro de Oliveira, licenciado em Letras (Português e Literaturas) pela Universidade Federal Fluminense, mestre em Estudos Literários pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e professor efetivo da rede estadual de ensino do Espírito Santo. Serra, ES, 8/4/2019. Últimas alterações: Guarapari, ES, 21/2/2021.

 

Exercícios (dos quais dois foram tirados do livro de Mauro Ferreira):[1]

 

1. Em cada situação a seguir, indique se a linguagem utilizada está adequada ou inadequada.

 

a) Um advogado, num tribunal de júri, diz: “Tá na cara que a testemunha tá enrolando”.

 ( ) Adequada. ( ) Inadequada.

 

b) Um advogado, num tribunal de júri, diz: “É evidente que a testemunha está faltando com a verdade”.

 

( ) Adequada. ( ) Inadequada.

 

c) Conversando com um amigo a respeito de um julgamento, um advogado afirma: “Tava na cara que a testemunha tava enrolando”.

 

( ) Adequada. ( ) Inadequada.

 

d) Num velório, uma pessoa, ao cumprimentar a viúva, diz: “É extremamente doloroso, para mim, saber que seu marido bateu as botas”.

 

( ) Adequada. ( ) Inadequada.

 

e) Um amigo diz ao outro, que costuma dirigir em alta velocidade: “Cuidado, a qualquer hora, você bate as botas”.

 

( ) Adequada. ( ) Inadequada.

 

2. Numa sala de aula, um aluno diz a um colega: “Poderias fazer a fineza de emprestar-me a tua borracha?”. Essa situação é equivalente a

                                                                                                                

a) comparecer, usando short e chinelos, a uma audiência com um promotor.

 

b) comparecer, usando terno e gravata, a uma audiência com um promotor.

 

c) ir à praia de terno e gravata.

 

d) ir à praia sem camisa, de short e descalço.

 

e) ir a um baile de gala usando camiseta.

 

 

3. Quais são os autores das principais gramáticas do país?

 

a)      Augusto dos Anjos e Rainer Rilke.

 

b)     Mario Quintana, Celso Cunha e Sérgio Nogueira.

 

c)      Evanildo Bechara, Lindley Cintra e Celso Cunha.

 

d)     Machado de Assis e Cecília Meireles.

 

e)      Lygia Fagundes Telles e Evanildo Bechara.

 

 

4. O que é lexicografia?

 

a) É a técnica ou a ciência de produção de dicionário.

b) É arte literária.

c) É a técnica de Redação.

d) É arte de escrever.

e) É a historiografia.

 

CONCLUSÃO

 

            Existem pelo menos dois níveis de registro (ou de estilo, ou de linguagem): o formal e o informal. O primeiro é dividido em culto e erudito; o segundo, em coloquial e chulo. Obviamente é possível manter um meio-termo, de modo que é difícil, em muitos casos, saber a diferença entre os níveis. O que me incomoda é o fato de praticamente todos os materiais didáticos e boa parte dos que avaliam redações do Enem partirem de um falso pressuposto ou de um falso princípio, a saber: o de que a fala é sempre e obrigatoriamente informal. Ora, isso é um despautério! Existem falas formais tanto quanto existem escritos informais! No que diz respeito à escolha de palavras e aos efeitos que tal escolha causa (dos quais o pedantismo é um dos mais conhecidos), precisamos entender que a palavra , por exemplo, encontra amparo em qualquer situação e em qualquer nível de registro ou de linguagem, e isso vale tanto para a língua falada quanto para a língua escrita. O que não pode haver é a incompatibilidade ou a mistura incompatível de registros, como o uso de gírias e bordões usados por jornalistas que, no mesmo escrito, inserem termos estrambóticos ou termos técnico-científicos.

            Existem outras divisões: linguagem jornalística, linguagem literária, linguagem técnica, linguagem familiar, linguagem infantil. Há uma diferença, por exemplo, entre a expressão fazer xixi e o verbo urinar. Também existem três vocabulários: o ativo, que usamos com muita frequência, o passivo, que não usamos, mas reconhecemos, e o ignoto, que não conhecemos, ou seja: nós o ignoramos. No vocabulário ignoto estão os arcaísmos, os preciosismos e os pedantismos. Tudo isso, é claro, exige estudos que talvez vão além das possibilidades desta aula.

            E o que dizer dos estrangeirismos ou empréstimos? (tais como latinismos, galicismos, anglicismos e niponismos). Um exemplo de niponismo é a palavra karaokê; outro exemplo é a palavra tsunami (que quer dizer maremoto). E ainda restam os idiomatismos (ou idiotismos) e os provérbios (as expressões idiomáticas e os ditados populares).

            Na linguagem chula (ou no registro chulo), encontramos silabadas, solecismos, gírias e palavrões.

            Contudo, há coisas que não se dizem, mesmo que estejam de acordo com o padrão culto do idioma, como ofensas e outras falhas de psicologia que denotam ou demonstram falta de circunspecção ou de modalização do discurso (para usar a expressão pedantesca dos linguistas). Dizer “Vá se catar!”, por exemplo, não é usar palavras de calão, mas é grosseria. (A circunspecção, como vocês sabem, é o controle das emoções.) E isso, é claro, tem que ver com a incompatibilidade de registros, que é o que acontece quando uma pessoa começa um texto com gírias e em algum ponto oferece ao leitor um vocabulário rebuscado, como se tal vocabulário fosse um fim em si mesmo ou se por si só já tivesse um valor inestimável e digno de prestígio.

            Não podemos negar que tudo isso prova a existência da variação linguística — e a avaliação é consequência da variação, pois que, assim como somos julgados em função das roupas que vestimos, somos julgados pelas escolhas que fazemos na hora de falar e no momento em que leem o que por nós foi escrito; e ninguém vai a uma entrevista de emprego com trajes que se usam na praia. Naquele tipo de entrevista, usamos roupas e palavras que não usamos em outras situações.

            Não é por acaso que existe o preconceito linguístico. Quem escolher dizer “Framengo” no lugar de “Flamengo” correrá o risco de ser discriminado, e quem diz “Lamento que seu marido tenha batido as botas” num velório, mesmo que siga o padrão culto do idioma, causa um efeito muito desagradável. O sentido é sempre um efeito, porque é sempre um produto da interação verbal entre dois ou mais interlocutores, isto é: entre duas ou mais pessoas que conversam. Se eu pergunto a um aluno “Você está bem?”, eu gero um efeito; já se um médico faz a mesma pergunta a um paciente durante um exame específico, o efeito da pergunta é outro, ainda que o significado seja, basicamente, o mesmo. (O significado é estático e dicionarizado, enquanto o sentido é um efeito único no tempo e no espaço, no momento da enunciação, que pode ser falada ou escrita.)

            Um exemplo de modalização: Numa loja, um cliente diz: “Eu queria saber o preço da camisa”. O “queria” fica no lugar do “quero”. Modalizar o discurso é, de certa forma, medir as palavras.

            Alguns exemplos demonstram as diferenças entre um registro mais coloquial e outro mais culto. Exemplo: Ontem esteve aqui a mulher que eu não sei o nome. O padrão mais erudito, por ser um modelo muito formal, prefere que a pessoa diga “Ontem esteve aqui a mulher cujo nome eu não sei”.

            Por fim, quero lembrar o que foi dito na aula sobre mitos e lendas, a saber: mito é também uma mentira com valor de verdade, e ultimamente tem circulado o seguinte mito: basta comunicar ou basta que haja compreensão mútua. Trata-se do mito do vale-tudo linguístico. Ora, como já disse o linguista Marcos Bagno, os linguistas profissionais nunca afirmaram isso, e os bons professores de língua (que não são obrigatoriamente linguistas) podem e devem combater tal mito, que é um absurdo.

 

Referências

 

ABRAÇADO, Jussara; AMORIM, Carmelita Minelio da Silva; ROCHA, Lúcia Helena Peyroton da.  Aula 1 – Nossa língua normal: por um ensino de língua portuguesa centrado no uso. In: ______. Linguística IV. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2016.

 

AMORIM, Monika Benttenmüller; GONÇALVES, José Carlos.  Aula 1 – Português: Nossa Língua Materna? In: Português VIII. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2016.

 

BAGNO, Marcos. A mitologia do preconceito linguístico. In: ______. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. 54. ed. São Paulo: Edições Loyola, 1999-2011, p. 39-40.

 

______. Gramática de bolso do português brasileiro. São Paulo: Parábola Editorial, 2013.

 

______. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.

 

BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. In: ______. Estética da Criação Verbal. SP: Martins Fontes, 2010.

 

BIAR, Liana; PINNA, Rafael; RABIN, Bruno. Pré-Vestibular Social: redação (v. 1). 4. ed. revisada. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2014.

 

BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37. ed.  Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.

 

CINTRA, Lindley; CUNHA, Celso. Nova Gramática do português contemporâneo.  5. ed., 7ª reimpressão. Rio de Janeiro: Lexicon, 2008.

 

FERREIRA, Mauro. Aprender e praticar gramática. São Paulo: FTD, 2007.

 

MAGALHÃES, Diógenes. Redação com base na Linguística (e não na Gramática).  10. ed. Rio de Janeiro: Edições Coisa Nossa, 2008.

 

RODRIGUES, Gerson. Aula 2: Os gêneros e os modos de organização do discurso. In: ______ et al. Português VI. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2014.

 

SAUSSURE, Ferdinand. Curso de Linguística Geral. Trad. Antônio Chelini, José Paulo Paes e Izidoro Blikstein. 20. ed. São Paulo: Cultrix, 1995.

 

SANTOS, Ana Lúcia Cardoso dos; GRUMBACH, Gilda Maria. Didática para Licenciatura: Subsídios para a Prática de Ensino (volume 1 e 2). Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2012.

 

TEIXEIRA, Flávia A. R..  Aula 2: Gêneros Textuais. In: ______. Inglês Instrumental. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2015.



[1] Gabarito: Questão 1: a: Inadequada. b: Adequada. c: Adequada. d: Inadequada. e: Adequada. Questão 2: c. Questão 3: c. Questão 4: a.